Como funcionam as eleições nos EUA?

Entenda como o presidente dos Estados Unidos é eleito e quais as semelhanças e diferenças com o Brasil.

Eduardo Reitz
3 min readDec 7, 2020

Ao forjar o sistema eleitoral há mais de 200 anos, os “pais fundadores” (como são chamados os intelectuais responsáveis pela formação política dos EUA) de certo não imaginavam que ainda hoje os norte-americanos se reuniriam de quatro em quatro anos para escolher seu presidente usando este (confuso) sistema de electoral college. Muito apegados às tradições, os eleitores ainda riscam as cédulas de papel e chegam a esperar dias pelos resultados das eleições — algo estranho para brasileiros, já acostumados à velocidade e praticidade das urnas eletrônicas. Além disso, a disputa sempre se equilibra na gangorra entre democratas contra republicanos, diferente do emaranhado sistema de coligações no Brasil. Seja como for, a cada quatro anos o mundo vira os olhos aos EUA, numa expectativa de final de copa do mundo, à espera do próximo “president of the United States”.

Muito diferente do Brasil, nos Estados Unidos não é o voto direto que decide o próximo candidato a sentar-se na cadeira do salão oval em Washington, mas um complicado sistema baseado nos electoral colleges, ou colégios eleitorais. Cada estado tem um número de votos em proporção ao seu censo populacional — estados mais populosos terão mais votos, representado por “delegados” na escolha final do presidente.

Ao todo, há 538 delegados no país. Para ser eleito presidente são necessários ao menos 270 votos do colégio eleitoral. Na prática, um estado que decidir por maioria democrata ou republicana dará todos os seus votos ao candidato escolhido, embora essa regra também varia muito em cada local.

Entre outras diferenças, o voto nos EUA não é obrigatório como no Brasil: um candidato não tem que só conquistar votos, mas convencer os eleitores a irem votar. Além disso, não há apenas dois candidatos concorrendo ao pleito como muito se confunde, mas uma série de outros representando partidos “coadjuvantes”. Na corrida de 2020, protagonizada por Trump e Biden, a candidata Jo Jorgesen, representante do partido libertário, ficou em terceiro lugar, seguida por Howie Hawkins, do partido verde.

Por fim, a maior parte dos estados usa dos votos manuais em cédulas de papel, mas o sistema não é tão arcaico quanto parece. Existem estados que presam pela contagem voto a voto, mas muitos usam máquinas para a contagem mais rápida (similares às usadas na leitura de cartões-resposta do ENEM) e algumas poucas regiões utilizam até urnas eletrônicas. Mas como o apego à tradição é muito forte no país, os votos em papel ainda são os preferidos.

Joe Biden e o Brasil

Com a eleição de Joe Biden à presidência dos Estados Unidos da América paira a dúvida de como ficaram as relações diplomáticas com o Brasil, cujo presidente Jair Bolsonaro demonstrou “torcida” pública a Donald Trump.

Apesar de uma aparente tensão entre os presidentes, as relações históricas de Brasil e EUA não devem mudar muito com a eleição do democrata.

A guerra comercial contra a China deve continuar ativa, bem como o Brasil como principal amigo dos americanos na América Latina. A postura em relação a Amazônia do recém-eleito presidente pode afastar investimentos na região e atrair intervenções de governos internacionais quanto a queimadas e desmatamentos.

Em questões globais, a pressão por políticas mais duras do Brasil em relação a COVID-19 podem ser mais duramente cobradas. Já a relação entre o presidente americano e Jair Bolsonaro não se deixa prever tão facilmente — embora o alinhando declarado a Trump — mas como especialistas preveem, não se deve deixar atrapalhar a relação Washington-Brasília por medo de isolamento diplomático brasileiro.

Texto feito para a cobertura das Eleições de 2020 do Fato&Versão em 11/11/2020

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